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OPINIÃO: Vitalino Guedes, o vidente


Vitalino Guedes da Conceição é como me apresento, desde terreira de saravá até saleta de deputado. Nascido me palpita que perto de algum acampamento cigano, pois também leio a mão e aprecio dente de ouro. Alcaide que nem eu vai amiudando o passo e acaba lendoso, mas alguma coisa que falam de mim guarda retalhos de verdade. Sou perito em pendências espirituais e passe de trivela. Não tenho terreira de meu e nem dou consulta em hotel de hospedagem, pois não estimo qualquer confiança tomada comigo em ambientes de trânsito de mala e viajante. Não sou muito manso de linguajar e escrita ao comprido, e me apetece quizília com lagarto, cachorro, meia-colher, governo, onça e bicho do mato.

Sobre as questões mundeiras, vão aqui os meus traquejos, já desbotados pela trafegagem dos anos. Nos casos de pedido de emprego na prefeitura, vou ensinar uma simpatia: escreve o nome completo do candidato em um papel de pão d'água grande, daqueles da Panhoca. Depois, pega uma cambona feita de azeite Primor e coloca o papel do indigitado com o nome dentro - não o teu, cavalo, mas o do pretendente. Aí, acrescenta uma colher de mel de lichiguana nas bordas do pires. Reza duas Salve-Rainha em frente ao copo, após o galo carijó pena-de-seda do vizinho abrir o peito em Mi maior. Quando arrumar o emprego, joga a água quente da cambona pelo lombo, pegando a veia-mestre do pescoço em direção adonde o espinhaço atende por outra alcunha.

Adianto que demandas de lençol com bichinho tenro requer muita tenência no proceder, mas depois que a capivara fica véia, é tempo perdido manobrar em sessões de desgrudança. Pra filho boletero, o corretivo padrão é sentar o rabo-de-tatu duas vezes ao dia, a primeira antes do mate. Te garanto que nem chega na minguante e o guri já fica desapetitoso das pastilhas envenenadas. Manhã dessas bateu no consultório um pastor de igreja dizimeira, padecente de inchaço nas ventas e pontada na virilha do lado de montar. Queria saber qual o mastigo mais afeito pros seus incômodos. Antes que sofresse um entrevamento botado, sem falar no quadro bicudo de quebranto que esperava o turuno na esquina dos pormenores, chamei na rédea meus estudos de transumância da propedêutica comparada e deixei o missionário meio à soga, com uma boiazinha de hospital: durante o dia, coisa leve, quando muito uma travessa de feijão mexido com charque de granito e não mais que meia de cana pura do Formigueiro pra abrir o apetite.

Caso desejoso de algum verde, ficou liberado um sopão de caturrita; à noite, revirado de fursura com torresmo, socando por riba uma tigela das grandes de leite talhado engrossado com farinha de cachorro. Pra quem quer varar o vestibular, tô em dúvida se fumo e bamo é verbo, substantivo ou o tal de pronome oblíquo. Se não são a mesma tarequeira, tão batendo orelha. Caso troque a morada da cruzinha no caderno das indagagens, te consola: tem gente que nunca passou perto da gramática e chegou nas grimpas. Dei uma tentiada no Cacique Tranca-Rua sobre o ano que se apruma. Me disse apenas que é tempo sem previsão de golpe, além do de sempre no bolso do povo...

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